— O que te aconteceu pra vc tá tão calado?
— Uma parada ai, bicho.
— Pode ficar à vontade pra falar, cara.
— É parada minha.
— Rapá, tu tá falando com um amigo, pode ficar tranquilo.
— É que eu conheci os pais da minha namorada, acho que nao deixei uma boa impressão.
— hahaha. Porra, é isso?! Pensei que era algo grave. Tipo meu caso que me apaixonei por uma travesti e não sei como apresentar ela pros meus pais que, como tu sabe, são evangélicos.
— O quê?
— O quê, o quê?
— O que tu disse.
— Que eu tô apaixonado?
— Não o que tu disse depois.
— Que meus pais são evangélicos.
— Não, antes.
— Ah, sim. Não sei como apresentar pros meus pais. É isso que você não entendeu direito?
— Não, mas deixa pra lá.
— Mas sim, cara. Fica tranquilo, a primeira vez que você fala com os pais da sua mina é sempre estranho mesmo. O único cara que não passou por esse momento constrangedor foi o Adão.
— Eu nunca mais vou conseguir olhar nos olhos deles.
— Rodrigo, relaxa, com o tempo você mostra que é un cara legal, eles vão esquecer essa primeira impressão que tu acha que foi negativa.
— haha que eu acho?! hahaha. Cara, eu tava com a minha mina na sala da casa dela, os pais dela chegaram de supresa e pegaram ela fazendo um boquete em mim, com a minha porra ainda na boca, pra tentar deixar aquilo tudo menos constrangedor, ela disse, enquanto eu ainda tava sentando no sofá com o pau pra fora, “esse é o Marcos, meu namorado, país.”