#4 Saindo do armário

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Ele já estava há alguns anos pensando como revelar toda a verdade para o seu pai, tinha feito vários planos de como fazer isso, mas o mais provável é que no momento de coragem ele iria fazer igual o Brasil organizou a copa de 2014, fazer tudo no improviso. Deu certo na copa por que não iria dar certo com sua revelação? — pensou ele. Mas longo lembrou que aconteceu algo negativamente inesquecível na copa, a seleção brasileira ter ousado entrar em campo contra a Alemanha. Infelizmente teve só ousadia e pagode todo dia, mas não teve alegria.

Ficou com medo de também perder de sete a um, e esse perder de sete a um significava o risco de perder o amor do seu pai, um pai conservador e tão tradicional quanto os erros de arbitragem no campeonato brasileiro; um pai flamenguista fanático que poderia deixá-lo com os olhos vermelho flamengo, caso desaprova-se a sua escolha. Ele estava disposto a correr esse risco, pois não aguentava mais fingir ser algo que nunca foi.

Criou coragem, sabia que sair do armaria seria uma decisão difícil, porem importante. Escolheu o meu bar, em um domingo ensolarado de Vasco vs Flamengo, para ser o cenário onde faria sua revelação. Não sei se ele escolheu o bar em um dia de uma final do carioca porque seu pai se sentiria mais à vontade ou porque sabendo que o bar estaria lotado, o homem que ajudou a colocar-lo no mundo não ia ter coragem de tira-lo dele, pelo menos não em um lugar onde estaria cheio de testemunhas.

Respirou fundo e sem paradinha foi direto ao ponto… Com a força de uma bola chutada pelo Roberto Carlos, a sua revelação atingiu o coração do seu pai. Pela primeira vez em seus 19 anos de vida, ele viu o seu procriador chorando na sua frente e em público, visivelmente o seu genitor ficou decepcionado a ponto de deixar de lado a marra de machão e nem tentar impedir as lagrimas da decepção caírem quando ouviu saindo da sua boca: -pai, eu sou vascaíno.

 

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